Fez ontem um ano que caiu a dura pena da censura neste espaço, coisa que para qualquer pessoa com dois dedos de testa, seria à partida impensável no "muito pós vinte e cinco do quatro".
As redes sociais estupidificam o indivíduo que, desprovido de qualquer pudor ou prurido, se considera uma "puta pidesca" em potência, bastando para isso que ou quem, se desloque a velocidade considerável contra os seus princípios e hipocrisias. Cada sujeito, por detrás de um monitor e com as patas num teclado, consegue recriar-se, desenvolvendo tanto o seu lado melhor como potenciando o pior. No pior, conseguem ser, de forma estupidificante, uma autêntica besta valentona de uma pseudo moralidade só existente no mais recôndito canto do seu ser mas que não são de todo, professadas no seu dia-a-dia.
A coberto de falsos-moralismos ou adaptações à realidade, estes energúmenos, não raras vezes escrevinham e gatafunham consoante lhes soa, brandem o punho da convicção e certeza, sem que delas tenham alguma e que se formaram no gado que lhes alimenta as fantasias e pensamentos. Agrupam-se de acordo com correntes pensantes de fundamentação tão barata quanto pueril e desafiam tudo quanto corra contra o seu egoísmo e facilidade pensante, a modos que à "deixa ver no que isto dá".
Caiu a pena num texto humorístico como poderia cair num texto mais sério. Prova séria que uma coisa levada a brincar também pode ser objecto de desdém e de recriminação, com consequências gravosas para quem a proferiu. Calhou a fava a um nosso mui nobre e bem disposto colega quando alguém se sentiu das entranhas pensantes e projectou naqueles parágrafos uma afronta para uma qualquer condição subjacente.
A partir do dia em que o humor, concorde-se ou não com o seu conteúdo, é limitado por uma acção castradora individual, escudada em preconceitos subjectivos, estamos a dar uma valente machadada no simples acto de se poder fazer rir o outro. Começaremos a castrar toda e qualquer chalaça, vedar o acesso ao riso, e voltaremos ao tempo em que se considerava que o riso era próprio do macaco.
Há que saber distinguir as coisas para se evitar cair no ridículo. E pior ainda, no rídiculo disfarçado com um grau académico.
1 comentário:
Mais uma excelente crónica, lúcida e assertiva, é Matias com certeza.
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