sábado, 29 de maio de 2021

Carlos Dolbeth na Sporting TV, destilando o seu habitual veneno contra o então diretor de comunicação do Benfica, Carlos Gabriel.


 
Coitado do Carlos Dolbeth. Passa por ser um cabr** de merda, quando, no fundo, a culpa não é dele. Aquele aspeto bonacheirão de tez rosada dá para perceber que a culpa não é dele. Aquele aspeto etílico inocenta-o, a culpa é do vinho. Quem tem que se sentar no banco dos réus não é o Carlos Dolbeth, que até é uma joia de pessoa, quem tem que pagar pela malvadez é o néctar do deus Baco. A água é inócua, e então se for benta é divina. Agora o vinho, esse é um irremissível malfeitor. Dirão que o Dolbeth não é de todo inocente porque se não sabe beber beba merda. Mas, na minha humilde opinião, não resistir a uma boa pinga não é pecado, é fraqueza. Não vamos crucificar o homem por gostar de uma boa pinga, andar a água é p’rós peixinhos… 
Não é no entanto consensual que a culpa seja do vinho. Há quem diga que o homem snifa e injeta bué, que a culpa é das drogas. A pulsão que o leva a consumir apodera-se dele e paralisa-lhe a vontade, é um pobre inimputável. Começou novinho com a brandura de uns charritos de cannabis, que até é uma coisa medicinal, e daí foi de aventura em aventura até chegar à heroína. Se fosse a Joana D’Arc era pacífico, o pior é que não é. O transtorno das drogas assaltou-lhe a mente, o infeliz do Dolbeth ficou preso na sua própria carcaça sem voto em nenhuma matéria. Quem o vê cão raivoso contra tudo o que não é verde, especialmente contra os “lampiões”, não compreende que ele não é aquilo. Sem os grilhões da droga ele é um santo, um doce. Com os grilhões dela é um monstro.
Mas há mais teorias acerca do comportamento dolbethico. Dizem os mais inclinados para o esoterismo e o oculto que o homem está possuído pelo demónio. Nada do que diz se lhe pode imputar porque não é ele que fala, é o diabo que fala por ele. Esse diabo insano que se lhe entranhou no corpo. Por isso, o que este homem inocente precisa é de um exorcista. Na catedral da Luz diz que há um, o grande chefe Águia Real, que apesar do nome não é apache, sioux, nem de outra tribo qualquer. Não anda a cavalo nem tem um chapéu de penas na cabeça, só tem em comum com os peles vermelhas o facto de ser vermelho. O problema é que o Dolbeth tem horror ao vermelho, é pior que um touro. Exorcizado por um vermelho?!...isso nem com uma pistola apontada à cabeça. 
Se quiserem testemunhar a rejeição de uma prenda de Natal ponham um Ferrari vermelho no sapatinho do Dolbeth, o homem vai aos arames. Pintem o Ferrari de verde e vejam a diferença, vira o ser mais feliz e agradecido do mundo. Não sei se os vermelhos de foice e martelo se safam com ele, mas se for o caso imagino a sua dificuldade em convencer o mundo de que é daltónico, que aquele vermelho para ele é verde. O arco-íris do Dolbeth não é multicor, é monocromaticamente verde. A bandeira é igual, é só esperança. Com ele o verde impera onde menos se espera. 
Sempre que revejo o vídeo que acompanha esta crónica consolido a tese da possessão demoníaca. O homem exala raiva e maldição, ninguém é assim tão mau. Palavras assim eivadas de cólera só podem ser palavras de Belzebu. Liberto do mal, o Carlos Dolbeth tem a pureza e a candura das flores, é uma pessoa adorável. Não fosse possuído pelo demónio e era um anjo. Todos os anos Vilar de Perdizes é uma chusma de exorcistas e bruxos, de mestres do oculto. Pode ser que lá arranjem um que sirva, que seja verde como a Greta Thunberg, a menina do barco à vela que monta as ondas do mar salgado. E se não for verde que seja maduro, mas sempre branco, nunca tinto. 
Uns dizem que a culpa é do vinho, outros das drogas, e outros ainda do diabo que o possui. Todos confiam na sua inocência, a culpa não é dele. Mas as hipóteses sobre a mesa não ficam por aqui: uns advogam que a culpa é de um salmão estragado que ele comeu que estava cheio de salmonelas. Outros dizem que cheio de salmonelas estava mas é o salmo que ele leu na primeira leitura da missa de domingo. Outros que lhe deram gato por lebre dando-lhe mauzão no lugar de faisão, aliás hipótese que me parece bastante crível porque mauzão come mauzão. Os animalistas, que nunca faltam nestas ocasiões, vieram a terreiro dizer que aquele leitãozinho que ele comeu ontem ao jantar foi um ato de canibalismo infantil, o que foi, obviamente, uma maneira subtil de lhe chamarem porco. Os animalistas gays, por seu lado, foram mais longe e disseram que o problema foi ele ter comido o Zé Cabra. Se comer cabra já é um atentado à moral vegan, comer o Zé é uma violação grave, que o Zé é casto e dá exclusividade ao supositório. Há também quem diga que a culpa é do Eusébio, esse grande ícone vermelho, que lá do outro mundo lhe manda mensagens por intermédio de uma melga. Cada vez que a melga o pica isso provoca-lhe alucinações, e o coitado é obrigado a ver todos os golos que o pantera negra marcou ao Sporting. 
Enfim, teorias não faltam, e todas convergem num ponto: a culpa não é do Dolbeth, ele é apenas uma marionete ao sabor de forças perversas que o impelem para o mal. Um grupo de investigadores do departamento de psicologia da UBI propôs-lhe uma psicanálise e ele aceitou. Vasculharam-lhe o subconsciente de uma ponta à outra e não encontraram nada, a não ser um leão moribundo e um lagarto hibernado há quase duas décadas. Não encontraram maldade, nem ódio, nem ira. O Carlos Dolbeth parece um cão raivoso, mas, no fundo, é um querido. A culpa não é dele.

Gondri

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