quinta-feira, 2 de julho de 2020

O maior ataque de riso dos meus tempos de ubiano... 😨



Éramos quatro num quarto da residência: eu, o Jorge CC, o Carlinhos da Madeira, e mais o Zé, que era o nosso caloiro de estimação.
O Zé era a coisinha mais ingénua e ignorante que podia haver no que tocava a sexo e seus derivados, tipo aqueles que ainda acham que o clítoris é um imperador romano. Quando se contava uma anedota picante o Zé não achava piada nenhuma porque não percebia puto, e nós, os veteranos, gozávamo-lo quanto podíamos. Até que o Zé começou a rir de todas as anedotas para não dar parte de fraco.

Um dia contei esta lá no quarto: uma freira ficou grávida no mosteiro, e, possuída por essa grande vergonha, lá conseguiu esconder a barriga usando hábitos mais largos. No dia do parto, altas horas da noite, conseguiu sofridamente ter o filho sozinha. Dirigiu-se sorrateiramente ao quarto da madre superiora, que era conhecida por ter um sono de pedra, levantou-lhe lençóis e cobertores, colocou-lhe o filho entre as pernas, voltou a cobri-la com a roupa da cama, e recolheu-se novamente ao quarto, aliviada. Ora, a madre superiora, quando acordou e viu que tinha um recém-nascido entre as pernas, exclamou estupefacta: - puxa, que já nem se pode lá ir com o dedo!
Desmanchámo-nos todos a rir, inclusive o Zé. Mas eu sabia que o Zé não podia ter percebido aquela, lerdinho como ele era para as piadas picantes. Por isso interpelei-o: - estás para aí a rir à gargalhada, tu percebeste esta, Zé?
O Zé lá disse que sim, mas eu tramei-o: - então, já que percebeste e até estás aí todo entusiasmado a rir, diz-me lá porque é que ela não podia ir lá com o dedo?
- eu acho que percebi…
- mas percebeste ou não percebeste?!
- bem, quer dizer…
- vá lá, diz lá então porque é que ela não podia ir lá com o dedo?
- é que ao ir lá com o dedo podia meter o dedo na boca da criança sem querer e a criança queria respirar e não podia…
Ai senhores, quando o Zé se saiu com esta eu dizia que morria de tanto rir. Ainda não tínhamos parado de rir da anedota e já estávamos a rir que nem uns doidos da ingenuidade do Zé, a rir perdidamente, até chegar a um ponto em que já estávamos a rir não sabíamos muito bem de quê… E eu queria respirar e não conseguia porque o riso era convulsivo, e já me faltava perigosamente o ar, e eu dizia que desfalecia ali, à gargalhada…
Foi seguramente o maior ataque de riso de toda a minha vida. E garanto que teve mais de assustador do que de divertido…
Quando recuperei daquele susto anaeróbico, já com os pulmões livres de sobressaltos, virei-me para o Zé, que não sabia se havia de rir ou de chorar, e fechei assim o caso: - ai ela podia meter o dedo na boca da criança sem querer e a criança queria respirar e não podia?!.. E que piada é que essa merda tinha, ó parolo?!
Já não me lembro se lhe dei logo ali as noções básicas de masturbação necessárias à compreensão da anedota, ou se o deixei ficar mais algum tempo na sua ingénua ignorância. Seja como for, nesse ano o nosso estimado caloiro teve um curso intensivo de sexologia e pornochachada, e não demorou muito a ficar expert em kamasutra e suas derivações… 


Gondri

2 comentários:

Nuno Miguel da Cruz Ramos disse...

Gondri, só tu para produzires um texto simples sobre assunto delicado mas que não fere a susceptibilidade de ninguém, penso eu. Bela anedota!😅😂

Gondri disse...

Nuno Ramos, se estas anedotas picantes correm de boca em boca e dão de rir a muita gente, porque é que não podem ser partilhadas aqui, que somos todos adultos de maioridade?! É este lado brejeiro do anedotário que nos faz uns grandes contadores de anedotas, isto é cultura, não só ubiana, mas principalmente lusitana. Claro que esta anedota (que aliás não fui eu que inventei, contei-a como ma contaram, fiz apenas de revendedor não remunerado) pode eventualmente ferir a susceptibilidade de alguns falsos moralistas, desses que normalmente são os piores. Mas para quem conta e para quem ouve, não tem maldade nenhuma, aliás, quanto mais se brinca com estas coisas mais se lhes tira a carga perversa que possam ter. Ninguém espera que a malta universitária continue sempre na onda das histórias infantis, da branca de neve e dos sete anões, claro que as "obscenidades" de linguagem e as piadas mais "pesadas" não são poupadas nas pequenas tertúlias do dia a dia. Mas ninguém é melhor ou pior pessoa por entrar nesta onda tão portuguesa, aliás, possivelmente até é melhor. Admito até que os piores são os que se remetem ao silêncio depravado das suas mentes e se auto-excluem das sessões de pornochachada e gargalhada.