terça-feira, 29 de setembro de 2020

A minha autobiografia...

 



Enquanto ubiano disse todas as burrices a que tive direito nos testes e afins, e muitos professores se devem ter fartado de rir dos meus fails. Mas a burrice já vinha de trás, e, pelo que me lembro, a saga começou logo a seguir à escola primária, quando fui para o primeiro ano do ciclo. Foi possivelmente a primeira vez que um professor se desmanchou a rir a ler uma calinada minha.
Quando andava na quarta classe fazíamos redações, e eu tinha tipo uma frase modelo com que fechava sempre o texto: “e assim acaba a minha redação”. Eu gosto muito do cão, o cão é um animal doméstico, o meu primo tem um cão, etc., e assim acaba a minha redação. Era sempre isto.
Quando fui para a escola preparatória levei na bagagem os tiques de escrita da primária, e, à conta disso, já vos digo como se riram todos à minha custa:
A professora, depois de explicar o que era a "autobiografia", mandou cada um de nós escrever a sua. Explicou-nos que a autobiografia era a nossa vida: - dizem o dia em que nasceram, o dia em que foram batizados, em que dia fizeram a primeira comunhão, ou seja, todas as coisas importantes que tenham acontecido na vossa vida. E deitámos todos mãos à obra.
Aquilo para mim era apenas mais uma redação, só que agora o tema era, justamente, a minha vida. E lá comecei a escrever: "nasci no dia tal, fui batizado no dia tal, fiz a 1ª comunhão no dia tal, e pouco mais terei escrito até que, mantendo-me fiel ao meu estilo, rematei: "e assim acaba a minha vida".
(escusado será dizer que a professora, no dia seguinte, alertou a turma, entre gargalhadas, para o estranho facto de haver um fantasma na sala. Claro que o falecido era aqui o je, falecido e burro, convenhamos…).

Se porventura aquela frase derradeira se tivesse cumprido eu entraria tristemente na estatística dos imberbes sepultados, e nunca teria sido ubiano. E, pior ainda, não seria elegível para este grupo singular onde as conversas profundas e interessantes se misturam com as malucas e apalhaçadas (não confundir com “apalaçadas” porque os palácios ficam para a realeza, coisa que nós não somos). Isto é que é um grupo viciante de divertido, e os que partiram sob o signo da outra UBI - Universidade da Birra Infantil (um deles até foi transferido para Coimbra de acordo com a sábia constatação do Álvaro Lino), que passem muito bem.

Gondri



1 comentário:

Nuno Miguel da Cruz Ramos disse...

Parabéns. A alegria reinante no Grupo é contagiante.
Para esse desiderato tens contribuído muito e bem.
Abraço.