Se no inicio da pandemia se chegou a constatar por vídeos lançados na net sobre a forma ideal de abrir uma garrafa de água e despejar o seu conteúdo num copo, numa manobra que faria corar de inveja o Luis de Matos, tal a destreza de mãos demonstrada para o efeito, gerou-se por instantes a sensação que a senhora estaria imune à virulência tal a forma como a tratava por tu.
Porém, ao longo do tempo, verificou-se igualmente que a dita senhora ia padecendo de um quadro sintomático que se poderia descrever como "muito confuso". Ainda estão presentes aquelas declarações que diziam que "é proibido sair de casa mas pode sair para passear o cão ou fazer pequenos passeios higiénicos". Pouca sorte para quem tinha gatos, periquitos ou guppies em casa, que nunca poderiam usufruir dos mesmos direitos que os seus parentes caninos. Cães e filiados no PCP estavam portanto imunes à bicharada e quem tivesse um militante em casa, poderia igualmente sair para passeá-lo.
Mas voltando ao cerne da questão questionou-se como é que a dita senhora contraiu tal maleita. Ora, para quem esteve com atenção aos tempos de antena que esta teve ao longo do ano, verificou-se que, para além da dita garrafa de água mais o imprescindível copo, Graça Freitas fazia-se acompanhar da presença de um intérprete de linguagem gestual que não parava quieto.
Antigamente, estes elementos apareciam numa janela no canto inferior direito do écran, isolados dos demais, como forma de traduzir o que estava a ser dito. E que se saiba, nessas alturas, ninguém contraía o que quer que fosse. Nem uma simples gastrite ou panarícios. Nada!
Ao se incluir no mesmo espaço um intérprete de linguagem gestual, mesmo que com o devido afastamento imposto pelas autoridades sanitárias, o que se foi constatando foi que aquilo era como uma bomba prestes a explodir. Como as partículas andam no ar, bastava ele dizer - por gestos - que ia mudar de parágrafo - como se fazia outrora com as máquinas de escrever - e as partículas "envirusadas" que estivessem à sua direita, iriam ser transferidas para o seu lado esquerdo num abrir e fechar de olhos. Independentemente deste intérprete se encontrasse atrás dela, à esquerda ou à direita, informar o público que era proibida a deslocação aos courts de Roland-Garros ou Wimbledon, era um risco acrescido porque aumentava exponencialmente a difusão de partículas infectadas pelo ar circundante. O simples facto de se barrar manteiga no pão chegou a ser omitido nas declarações por agitar o ar em demasia e o que é um facto, é que ao longo deste tempo todo, nunca a ouvimos a fazer referência a isso.
Portanto, a dita senhora encontra-se agora em quarentena devido a um perdigoto gestual que se deslocou do ponto A algures naquele espaço conferencial para o ponto B que se encontrava algures entre a narina esquerda e o lábio inferior, segundo se desconfia. E para piorar as coisas, em momento algum se vê o mesmo intérprete de luvas, como mandam as boas práticas sanitárias.
À directora da DGS endereçamos os nossos votos de rápidas melhoras e recuperação. E pensar que a vida é bela e que há que encontrar sempre esperança neste cenário apocalíptico em que nos encontramos actualmente. Marta Temido, dixit.
1 comentário:
Bom e assertivo texto.
Esperemos que a senhora se restabeleça rapidamente.
As conferências de imprensa sem ela não são a mesma coisa.
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