Recordo-me de uma serenata que um grupo de guitarristas e cantores da academia de Coimbra fez na UBI. Já não me recordo em que ano foi, só sei que em todo o meu tempo de estudante essa foi a primeira e a última vez que assisti ao vivo a uma serenata a sério. Fiz algumas às meninas da residência feminina, com voz de cana rachada e sem acompanhamento, e quis a providência divina que me tenha sempre livrado de uns bons baldes de água fria, já para não dizer de um jato vermelho de tomates podres porque, felizmente, a tomatina de Buñol, Valência, nunca foi para ali exportada.
A serenata de Coimbra na Covilhã, na UBI, foi uma noite de emoções. Não sei se em Coimbra tem mais magia, dizem que sim, que tem “mais encanto”. Mas só posso dizer que aquela mexeu comigo, entrou por mim a dentro e encheu-me de poesia.
Quando cheguei ao quarto a comoção já tinha abrandado, já me tinham passado os arrepios e a pele de galinha. Mas cheguei com a vontade de escrever ao rubro, e foi um ar enquanto me desaguei no papel e escrevi estas palavras que relembro sempre que a saudade as chama:
“Isqueiros acesos na noite (como velas em conventos míticos e distantes), o balanço penetrante do gemido das guitarras, vozes quentes e doces em direção aos céus, alguém ao nosso lado que não contém as lágrimas, e uma vontade de ficar ali eternamente, a sofrer a melodia, embalado pela serenata…”.
São estes momentos que nos enchem a alma.
Gondri
1 comentário:
Caro Gondri, a primeira serenata foi com o Grupo de Fados da AAC, enquadrada na 1ª Semana da Recepção ao Caloiro de 1985, que seria no largo da capela do Calvário mas pelo dilúvio de água nessa noite foi transferida para a Capela do colégio de Sto António, onde se situavam e situam as residências académicas.Em 1986, na 2ª Semana da Recepção ao Caloiro 1986, aí sim, largo da Capela do Calvário,com a Estudantina da AAC. Ainda hoje este recinto mantêm esta tradição. E sim, é dos melhores, mais belos, sentidos momentos das Recepções.
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