passado na companhia do Dr. Mário Tavares na prática do seu desporto favorito: a
pesca. É uma história onde se poderá apreciar o lado mais desconhecido do
Dr.Mário, pessoa com quem tive o privilégio de privar fora do ambiente
universitário, na condição de seu vizinho na rua onde vivíamos na Covilhã.
Assim a história sendo longa, começa por esse facto. No final do primeiro ano de
curso, a convite do meu colega Vasco Marques, acabei a mudar de casa da
Residencial S. João onde morava juntamente com o Pedroso,o Dinho e um par de
outros colegas, para a “única rua plana da Covilhã” (como carinhosamente lhe
chamava), tendo assim ido parar na casa ao lado da família Tavares.Que tinham em
comum com o Vasco, o facto de serem naturais da zona de Vale de Cambra, que por
essa razão já conhecia o Dr. Mário Tavares.Cedo por isso começámos a conversar
aos fins de dia, nos varandins do terraço fronteiro da sua casa ou em breves
conversas de circunstancia sempre que nos cruzávamos a entrar em casa.
Naturalmente a nossa amizade foi-se desenvolvendo nas interessantes conversas
que ia tendo com o Dr. Mário, pessoa de grande cultura geral e simplicidade, ao
mesmo tempo que o ia conhecendo no seu lado mais profissional, enquanto começava
a ter as primeiras disciplinas com ele. Sempre com o respeito que a relação
professor-aluno impunha, e pela quantidade vasta de conhecimentos que o
Dr. evidenciava e que eu valorizava pelo facto de nos meus tempos de liceu ter
sido um aluno da área de Quimicotecnia, portanto com apetência para absorver com
facilidade todo o seu vasto conhecimento das matérias que o professor leccionava
nas suas disciplinas. Não obstante esse grande respeito pelo Dr. Mário
Tavares,investigador têxtil e professor universitário, tínhamos conversas sobre
outros temas que agradavam a ambos, especialmente como agricultura, construção
civil, ou temas similares. Numa dessas conversas de fim de dia e a propósito de
passatempos, o Dr.Mário pergunta-me se gosto de pesca, ao que lhe respondi,
rindo que pesca para mim, só no prato! O Doutor desarmado começa a rir e
pergunta se eu nunca pesquei antes. Digo-lhe: “Até hoje já tive um par de
experiências de pesca, mas não fiquei muito cliente pois na última dessas
experiências fui pescar para o Douro, á cana e passei um dia numa escarpa
inclinada nas margens com dificuldade em me equilibrar para evitar cair ao rio,
quanto mais para lançar a cana. Além de que foi um dia de aborrecimento e entre
três pessoas pescámos dois peixes apenas! Portanto a minha experiência de pesca
ficou arrumada nesse dia!” O Doutor Mário ria-se despregadamente com a
narrativa, logo ele que tinha sempre um ar mais sério, julgava eu! Bom, diz-me
ele, realmente para pescar é preciso ter paciência! Ao que lhe respondi: Ó
Dr. Mário, eu paciência tenho, mas admito que se calhar tive azar nessas duas
vezes, mas os “pescadores profissionais´” com quem fui ainda tinham menos
paciência do que eu! Bom o Dr. começou a tecer elogios á pesca, pois era o seu
passatempo preferido e dizia-me! Sabe eu gosto é da tranquilidade de um dia de
pesca, se bem que ás vezes a companhia também não ajuda! Diz-me então que
costumava ir com um amigo, mas que esse amigo deixou de ir porque perdeu o
interesse, e que nos últimos anos ia sempre sózinho!Daí ao convite foi um
instante: “Ó João, você não quer vir comigo á pesca na próxima vez?Eu costumo
pescar numas pequenas lagoas e represas ali para os lados de Portalegre! Vai ver
que se vier vai gostar e que vai apagar essa experiências menos boas!”. “Ó
Dr. Mário,até gostaria, mas eu nem sequer tenho equipamento”, digo-lhe eu. “O
João, eu levo o equipamento e tudo o que precisamos e até o almoço. A menos que
você queira comer alguma coisa diferente”. Digo-lhe eu: Ó Dr. eu não sou
esquisito, mas então vamos, até para que o Doutor não vá sozinho! É mais uma
experiência e certamente não irá correr pior que as anteriores! Na próxima vez
que for diga-me um par de dias antes para eu estar a contar e me preparar”. Dito
isto, o Doutor Mário só se ria, mas ficou então combinado para daí a um par de
semanas, num Sábado. “Ó João, mas olhe que temos que sair cedo!”..,
disse-me.”Não tem problema eu consigo levantar-me cedo. A que horas é que é para
sair?” Responde-me: “Lá para as 3 ou 4 da manhã, pois ainda temos algumas horas
de viagem até chegarmos ás lagoas”. Pergunto: Então e o que vamos
pescar?...”Achegans”, diz-me. Alguma vez pescou achegans? .Penso eu,
“Achegans!??Que raio são achegans?!”, era a primeira vez que ouvia falar nesse
nome!! “E que peixe é esse Sr. Doutor?”!. “É um peixe pequeno muito saboroso”,
diz-me ele! “Está bem, não conheço, mas é mais uma novidade, para você ver que
grande pescador eu sou!”,rematei eu, rindo e a pensar no que me tinha metido,a
sair ás três da matina! Não imaginava eu o dia de pescaria que aí vinha!
Continuando, chega ao dia e lá estamos nós a sair ás 3:30 da manhã, Toyota Hiace
carregada com duas canas de pesca, bóias, “tupperware” com o isco, cesta, sim
“cesta de vime” com o almoço, lanche,e bom vinho da sua produção valecambrense!
O dia prometia, e na altura, apesar de eu já ter muitos quilómetros feitos ao
volante da sua Toyota Hiace,por outras razões que para aqui não interessam,
eh,eh,eh,,o Doutor estoicamente fez toda a viagem até ao local onde íamos
pescar. Bem, o local era simplesmente paradisíaco, uma pequena lagoa muito para
além de Alcains, acho que não muito longe de Portalegre, que nos levou três
horas de viagem para lá chegar. Na altura não havia A23 nem A nenhuma!, foi tudo
pela antiga estrada nacional e distritais, desde a Covilhã até ao local, numa
viagem “non-stop”, pois nem que quisessemos depois de Castelo Branco não havia
onde parar, nessas estradas do interior! Nada de comodidades,de cafezinho pelo
caminho, nem de parar para esticar as pernas. Para surpresa minha, assim que
chegámos ao local,cerca das 6 da manhã, o Dr. Mário tira da cesta um termos de
café, e antes mesmo de prepararmos a “faina”, tomámos um cafezinho com uma
sandes de queijo que a mim me “souberam pela vida” e finalmente traziam algum
conforto ao estômago para enfrentar a manhã de pesca! Um nascer do sol
maravilhoso e um dia que prometia ser de muito calor, começava-se a ver os
contornos da pequena lagoa e aí estávamos nós a prepararmo-nos para iniciar a
pescaria. Calções de banho vestidos, o D. Mário diz-me que a água está óptima e
que vamos para dentro da lagoa!”Ò Doutor, para dentro da água, como? A lagoa
está cheia de lodo, ainda me afundo e nem sei nadar!È muito perigoso.Eu vou é
ficar a pescar na margem, numa sombra naquelas árvores, digo-lhe eu!”.O Dr. a
rir diz-me, então se você fica na margem não vai pescar nada! Não tenha medo que
a lagoa não é funda, isto são lagoas de regadio e não são fundas. Com um bocado
de sorte a água nem chega aos joelhos. Venha lá daí, que não tem problema. Até
porque eu vou levar o isco para lá e se ficarmos próximos é mais fácil”. Bom, se
tem a certeza que não há problema vamos lá. Acabámos de preparar as canas de
pesca e vejo três anzóis em cada uma. Pergunto: Ò Dr. vamos pescar com três
anzóis?”. “Sim”, responde, “isto aqui são peixinhos pequeno e assim há mais
hipótese de pescar mais. Você vai ver que quando começarem a sair são uns atrás
dos outros e não temos mãos a medir!”. A rir digo-lhe eu incrédulo: “Isto vai
ser bonito vai, logo eu que nunca pesquei nada na vida, mas se o Doutor
diz…. Vamos lá!!. Entramos na água e lembro-me que mesmo ao entrar estava
bastante agradável, morna, por se tratar de água parada. Continuamos os dois até
quase meio da lagoa.A água dava pela cintura!. Diz ele: “Então ó João,não lhe
disse, que tem sempre pé! Vamos lá então ver o que isto dá! Você sabe põr o isco
no anzol?”.... “Ó Doutor, acho que sim..” - digo-lhe eu a rir - Apesar da pouca
experiência não deve ser difícil!Passe lá as minhocas!! Bom, pensava eu que
eram minhocas grandes, das gordas, que vêm da terra húmida.Qual não é o meu
espanto quando vejo umas pequeníssimas minhocas, muito fininhas mais parecidas
com centopeias.Como os anzóis eram três e pequeníssimos,tiro a primeira, levou
algum tempo a processar, mas lá foi, tiro a segunda, e essa já foi mais difícil,
e olho para o Doutor Mário, que já estava a lançar e a rir-se que me dizia:
“Então você demora? Consegue ou não?” Respondo:”-.Isto é mais difícil do que
estava á espera, mas sim, só me falta uma”. Acabei de enfiar o último anzol
lançando e o Dr. Já estava a tirar achegans,que ainda se estava a rir enquanto
eu estava a olhar para a cana. Diz-me ele: “Está á espera de quê, ó João?” Que o
peixe “pique”, digo eu”! O Doutor: “Nada disso, aqui o peixe é muito pequeno e
quase não se sente picar”Se está á espera comem-lhe o isco e você não pesca
nada! È lançar esperar um minuto ou dois e puxar!” “OK, vou experimentar como
você diz”. E não é que a coisa funcionou, pois puxo e já trazia dois peixes nos
três anzóis. Diz o D. “Tire o peixe do anzol e ponha neste saco á cintura que
quando estiver cheio vamos á margem por no balde!”. “! Digo-lhe ”OK”e começo a
tirar os peixes do anzol! Á falta de “treino” dificultado pelo pequeníssimo
tamanho do peixe, depois de o tirar do anzol, o primeiro cai á água! O Dr. a
ver, começa a rir-se á gargalhada e diz:Assim estamos tramados, se você os deixa
cair á água depois de os tirar! Tem que o segurar bem, enquanto roda o anzol e
lho tira da boca!” E continuava a rir-se enquanto eu tirava o segundo, que com a
promessa de não falhar, lá correu melhor e lá entrou peixe para o saco. Momento
para voltar a pôr isco nos anzóis, desta vez,também a correr mal,mais uma
operação demorada meto a primeira “minhoca”. O Dr. a ver o meu ar desajeitado,
continuava a rir e a gozar perguntava: “Então ó João você já acertou com isso ou
quê?”. Começava a ficar um pouco farto da demora e da minha falta de destreza
no manuseio de tanta coisa escorregadia, as minhocas, o peixe e o cuidado
extremo com os anzóis, decido escolher as maiores para os dois últimos
anzóis. Meto-as com rapidez tal, que o Dr. estranhando me disse:-“Já conseguiu?
Mostre lá isso!” Caminho dois passos na direcção dele e orgulhoso mostro-lhe os
anzóis com o isco! “Claro, eu não lhe disse que ia conseguir?! O Dr.Mário deixa
de rir e com um ar carregado e visivelmente chateado diz-me: “Você não pode por
um isco desse tamanho no anzol, senão não temos isco para o dia todo e o peixe
come o isco que sobra no anzol e não morde! Tem que as cortar ao meio se forem
desse tamanho! Senão daqui por umas horas não temos mais isco!”A continuar
diz-me: “Ó João, é melhor ficar aqui mais perto de mim, e eu preparo os seus e
os meus anzóis. Você só tem que lançar para o lado oposto do meu, puxar e tirar
o peixe do anzol!” . E foi assim que fizemos. A manhã correu bem, tirámos ambos
peixe com fartura e aquilo era um gozo, pois realmente era lançar, esperar um
par de minutos e puxar e lá vinham mais três agarrados. Á hora que parámos para
almoço, e apesar dos peixes serem pequenos já tínhamos o balde quase
cheio. Almoçámos, descansámos uma meia horinha numa sombra e cerca das 2 da
tarde voltámos á carga, para dentro de água. Estava um dia de verdadeiro calor
alentejano, seco, mas aí dentro de água já mais confortáveis para continuar a
pescaria pela tarde! Á tarde a história repetia-se com achegans e mais achegans
ás dúzias a encher não só o balde como um saco que pusemos dentro da cesta do
lanche, e lá continuávamos. O peixe era tanto, que por volta das 7 da tarde já
eu estava fartinho de ver peixe e da pescaria.Dentro de água continuava-se
óptimo, mas já eram muitas horas a pescar. Nessa altura pergunto ao Dr. se ainda
íamos pescar por muito mais tempo, e a que horas estava a pensar regressar: A
resposta dele: -“ Ó João então agora que isto está a ser bom você quer ir
embora? Então ainda há luz para mais um par de horas, lá para as 8 e meia ou 9 é
que o sol se põe! A essa hora vamos”!! Digo-lhe:”- Senhor Doutor, para mim são
muitas horas na água em pé, já nem sinto as pernas, eu vou sair e dar por
terminada a minha pescaria!”.Diz-me: “Então você já está cansado? Está bem, eu
ainda vou ficar mais um bocado, enquanto “estiver a sair”! Julgava eu que após
o sol se pôr estaria a pesca acabada! Afinal o “ficar mais um bocado” continuou
além do crepúsculo, mal se via a não ser com o magnífico luar que estava nesse
dia e o Dr continuava no meio da lagoa , “na maior” descontracção a lançar e a
tirar peixe até ás 10 da noite, hora em que finalmente se decidiu voltar á
margem! Eu já “esfumava” por todos os lados, com uma “seca” de três horas á
espera na margem, a dizer mal da minha vida só de pensar que ainda havia pelo
menos uma viagem de cerca de duas horas e meia até á Covilhã! A viagem, apesar
do cansaço visível do Dr. Mário e da minha oferta para dividir a condução ao
passar por Alpedrinha, que de pronto foi rejeitada,(não sei ainda hoje se por
falta de confiança do Dr. na minha condução!), não teve grande história. Fomos
conversando para manter a atenção na estrada, sobre a pescaria que tinha corrido
bem, (segundo o Dr. tínhamos pescado “mais de dez quilos de achegans”) e de
outros temas agrícolas ligados ao campo espaçados por alguns silêncios mais ou
menos longos que me deixavam um pouco apreensivo, pois era tarde e ambos
estávamos já acordados há cerca de 21 horas!Mas não houve “nada de maior” e o
Dr. parecia controlar a condução apesar do cansaço!A passar o Fundão diz-me
rindo: Então você nunca comeu achegans!!. Respondo-lhe: “Não, a menos que tenha
comido alguma vez sem saber”. Então desta vez você vai ver que saboroso que é
apesar de ser pequeno! Deste tamanho, come-se tudo, nem as espinhas se
tiram!.Desta vez você vai comer,fritos, e levar alguns para por na
arca”.Digo-lhe a rir: “Não sei posso até nem gostar!!.” Nisto chegamos a casa,
eram quase 1 da manhã e eu ajudo o Dr. Mário a levar o equipamento para casa, o
balde e o saco de peixe, a cesta do lanche,etc. etc e digo-lhe:”Bom Sr. Doutor,
até amanhã e obrigado pela companhia e pela experiência” Diz-me ele: “Onde é que
você vai? Então não fica para comermos o peixe?” Respondo-lhe:”Agora, senhor
Doutor?!!Então isso não era para amanhã?!” Não, é só mais meia horinha e era
agora que eu estava a falar enquanto estão frescos!A minha mulher já os vai
preparar!”. Eu já incomodado e estafadíssimo, digo-lhe:”Então Ó Dr. mas agora
vai acordar a sua esposa a esta hora para nos vir fritar achegans??!Então não é
melhor ser amanhã que é domingo?”.. “Não,ela ainda está acordada porque nunca se
deita antes de eu chegar! E eu já estou a ficar com fome! Não incomoda nada e
não demora!” “Ó Doutor mas não vá incomodá-la! Amanhã comemos isso se me quiser
convidar! Agora já é tarde!.”, retorqui-lhe. “Não demora nada, venha para a
cozinha que já vamos comer!”, responde-me!
E foi assim que terminou a história de um longo dia de pesca, a comer achegans e
beber bom vinho á mesa com o Dr. Mário e a esposa!. Ás duas e meia da manhã
entrei na casa ao lado, exactamente 24h depois de me ter levantado para essa
“aventura”,que acabou por ser um dia bem passado apesar de cansativo e do
enfadonho do Dr. Mário com a minha falta de habilidade a pôr o isco no anzol!
Esta foi uma de duas ou três grandes histórias que eu passei privando com o
Dr. Mário Tavares, grande e humilde pessoa e mais do que um professor
universitário dotado de um grande conhecimento técnico uma excelente pessoa
desse tempo que também sempre me mereceu um grande respeito e estima e de quem
guardo por isso gratas recordações! As outras histórias guardo-as para mim
especialmente uma famosa viagem com ele,de boleia até Viseu em que o
Dr. resolveu puxar dos galões (eh!eh…) e ensinar-me diversas maneiras de curtir
azeitonas, além das que eu conhecia, pela minha vivência no campo, com o Dr. a
“destrocar” receitas de química, a começar ao passar no alto da Senhora do Carmo
e ininterruptamente até que me deixou á porta de minha casa em Viseu!Essa foi de
antologia e sem que sentisse a falta da rádio na Toyota Hiace!!Eh!eh!eh! Belos
tempos esses! E um grande abraço para o Dr. Mário Tavares que já não vejo há
mais de 25 anos!
João Leonardo
2 comentários:
espetacular, muito bom!!!! Quem me dera fazer trio convosco nesse dia solarengo e divertido. E principalmente na petiscada. Muito bom, João, demoráste mas brilháste!
Eu sabia que o dr Mário Tavares tinha um saber enciclopédico e uma humildade própria dos grandes homens. Mas pensei que aquele ataque de riso que ele teve com a colónia de fibras do Silveira era uma excepção no seu ar sério e circunspecto. Afinal venho a saber por ti que o doutor é uma pessoa muito animada, de riso fácil. Que ele tinha tema de conversa para dar e vender eu já sabia, mas essa de ele se rir a torto e a direito para mim é nova. Tudo vale a pena quando uma gargalhada não é pequena...
João, entraste muito bem, vela história e para quem como eu conhece o interior e a pesca de peixe da albufeiras e rios, senti como se estivésse convosco, tal a maravilhosa descrição.
Bem - hajas por partilhares.
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