A Universidade da Beira Interior, como grande instituição que é, precisa de símbolos que incutam nos seus estudantes os valores do trabalho, da dedicação e da vontade de superação. Por isso é que a reitoria se lembrou de erguer nas instalações da UBI uma estátua de Cristiano Ronaldo, com uma inscrição onde se lia, “ícone do esforço e da perseverança, um exemplo de excelência”.
O problema foi aquele enchumaço indiscreto na genitália do craque que ninguém conseguia explicar. Genitália Prazeres, uma aluna perspicaz, pôs logo ali a nu a solução do enigma:
- levou um pontapé nas partes e ficou com aquela zona toda contusa...
- com tusa?... replicaram logo os alunos mais jocosos num estalar de gargalhadas!!!
O professor Leonel Vergalho, que se orgulhava de ser o melhor imitador do diácono Remédios da zona centro, opinou, no seu jeito tão peculiar:
- ó meus amigozezeze..., o jogador é um bom jogador, a estátua é uma boa estátua,... não havia nechechidade!!!... qualquer dia, ainda se lembram de pendurar ali a Gerorgina Rodriguez e fica ali aquele penduricalho espanhol todo a abanar, qual pénizezeze gigante... o escultor é um bom escultor, não havia nechechidade!!!
Outros opinadores se manifestaram, e o enchumaço do Ronaldo andou de boca em boca. Alguém disse que se o atleta estivesse com o membro flácido nada daquilo acontecia, mas a professora Leopoldina Trancada, que adorava ópera, replicou: - já ouvi Plácido Domingo com o membro ereto, e já o ouvi com o membro flácido, e uma coisa vos digo: Plácido Domingo é infinitamente melhor que Flácido Domingo, com aquilo flácido o homem não canta nada, é uma nulidade.
As opiniões de quem passava por ali sucediam-se. Algumas meninas de medicina piscaram o olho com um sorriso maroto e disseram que aquilo era um tumor benigno, duas vegans muito castas passaram e queixaram-se de que estavam a ser obrigadas a consumir com os olhos um triste espetáculo de carnes impúdicas, uma aluna de informática disse que aquilo era um bom programa para o fim de semana, e a opinião menos apimentada até foi a de um aluno de engenharia mecânica que disse apenas que aquilo era a ferramenta do Ronaldo…
Mas além destas opiniões que até tinham a sua graça, outras começaram a surgir de repúdio e condenação. A malta de esquerda, como é seu timbre, começou a associar o penta bola de ouro ao capitalismo e à alta finança, e disse que só o aceitaria em solo ubiano se fosse nacionalizado. As organizações de inspiração cristã puseram o foco no surto de depravação e luxuria que a genitália saliente do craque despoletava nas hormonas acesas dos estudantes, especialmente nos setores feminino, gay e trans. Os talhos e afins da Covilhã estavam muito preocupados porque, perante tão lascivo enchumaço, começaram a ser frequentes desabafos tipo, “a carne é fraca…”. Enfim, a contestação aumentava cada vez mais e tomava proporções preocupantes.
Perante o mau estar generalizado que se tinha instalado por causa da estátua, com uma cisão em toda a linha em que a desavença andava no ar e até já se adivinhava o confronto físico entre os que eram a favor e os que eram contra, a reitoria da UBI não quis arriscar mais discórdia e mandou tirar a estátua. E foi por isso que a estátua do Ronaldo nunca chegou a ser ubiana…
Gondri