quinta-feira, 19 de novembro de 2020

O COVID e a prostitutaria (*)


Tempos difíceis, estes que vivemos. Esta pandemia veio em má altura. Aquilo que mais temíamos vir a acontecer - tal como num filme de ficção - só no ano 3087, caiu-nos em cima mil e sessenta anos antes. 

Há dias vi um, da década de oitenta, onde o pobre desgraçado do guionista "construía" um cenário em 2017 com carros futuristas sem rodas a circularem uns por cima dos outros num cruzamento vertical, plasmas interactivos, ciborgues, robots e mais não sei quantos frutos da IA já cruzados com humanos e pensei... "Este gajo passou-se!". estamos em 2020 e nada disto ainda aconteceu.

Nesse filme, uma alma solitária coabitava com uma boneca robot, de série descontinuada, porém do melhor que já havia sido feito. Um pouco como o Windows XP e as belas merdas com que a Microsoft nos impinge actualmente. O dito filme, começava praticamente com uma "bimby loira" boa como o milho, porém de QI muito baixo, a fazer as lides caseiras, toda aprumada, sem ódios nem rancores que lhe questionassem as sua condição feminina e que, tendo provocado picos de testosterona no seu dono, enquanto lavava a loiça, foi atacada por trás e aquilo passou a vias de facto ali no chão da cozinha. A coisa foi tão tórrida que lhe queimou os fusíveis - fruto do chão molhado com que a cozinha ficou - e a deixou com os olhos pregados no tecto, inerte e em modo "blue screen com erros no kernel". O dono, tinha cara de parvo e nunca tinha estado com uma mulher a sério. Mas isto não vem ao caso.

Agora em 2020 podemos constatar que para um carro circular em cima de outros, é porque houve um acidente dos grandes, os robots ainda só nos ajudam em casa ou no trabalho,  como aquele queijo que limpa o chão ou aquela mega-torradeira que, quando programada, tanto faz uma belíssima feijoada como um pudim "caseiro" mas de gosto duvidoso. Ou a máquina do café. E são tempos difíceis porque, para lá do "optimismo" do criador de tal obra cinematográfica (Não! Não foi o Ridley Scott com  o Blade Runner mas sim uma imitação rasca) as coisas ainda não são como parecem.

As vicissitudes dos tempos pandémicos que vivemos actualmente mudaram-nos muitas rotinas diárias tendo remetido para muitas práticas que, aqui há um ano atrás, nos fariam pensar duas vezes ou demonstrar tanto cepticismo como abertura. Todo o paradigma foi alterado. Hoje desconfiamos do gajo que espirra ou da gaja que diz que a comida não lhe sabe a nada, quando sabemos que lhe despejámos uma lata de malaguetas. Se aqui há uns anos valentes, todo o ser que quisesse "pular a cerca" podia fazê-lo despudoradamente, agora todo o cuidado é pouco porque, para além do "bicho" em si, há mais factores que podem transformar uma união de duas pessoas num caso muito sério  de guerrilha conjugal. 

Imagine-se por momentos um fulano, digamos que em 1992, que tem por hábito despender parte do seu ordenado em casas de alterne. Bebe uns copos, entra para o quarto, paga pelo serviço e avia a moça... Avia é como quem diz! Na prática ele paga para ser aviado. Ele é que é o freguês que paga por um bem ou serviço, por isso, ela que trabalhe. Ainda me mete um bocado de confusão um gajo pagar e ainda por cima ter de trabalhar. Mas isto sou eu que nunca usufrui desses serviços - Ok. Já entrei, mas nunca consumi carne - nesses antros. Continuando: o gajo é trabalhado, sai dali e vai para casa, feliz, contente, e aliviado tanto na carteira como no ego. Chega a casa, toma um duche rápido e deita-se e retoma a sua vidinha de casado conforme pode e a mulher deixa. A saber-se da facada, só se houver fugas de informação, falta de sigilo profissional ou escassez de fundos. Ou se falar muito durante o sono.

Resultado:
Caos alto porque falta pilim nas contas da casa. 
Teor de drama:
moderado a alto por causa da justificação parva encontrada para explicar a falta de fundos.

Façamos agora, o mesmo exercício em, por exemplo, 2017: Em vez de ir às meninas, conhece uma gaja numa sala de chat num grupo qualquer do facebook e marcou um encontro com ela. Copulam com consentimento mútuo e no meio da brincadeira, alguém se lembra de filmar a acção com o telemóvel. "Ah! Que giro! As caras que fazes! Ficas bem de lado! e Blá-blá-blá!". Trocam a epopeia da trancada "partilhando" o movie um com o outro. Quando acaba, traz um vídeo comprometedor no telemóvel. Que se encontra no bolso do casaco. Chega a casa, toma um duche rápido e deita-se e retoma a sua vidinha de casado conforme pode e a mulher deixa. A saber-se da facada, só se houver insistência por parte da gaja em telefonar-lhe constantemente para um novo encontro, ou porque a mulher descobriu um vídeo comprometedor que o gajo se esqueceu de colocar em pasta privada.

Resultado:
Caos instalado porque a gaja ameaça com um divórcio enquanto ele tenta provar por todos os meios, que o gajo do filme é muito parecido com ele e que naquele dia ele passou a noite a dar banho ao cão.
Teor de drama:
Altíssimo porque eles não têm cão.

Agora traslademos o mesmo cenário para este da pandemia. O gajo fartou-se da mulher naqueles meses largos de confinamento. Aquilo que era uma relação sólida, esboroou-se porque a gaja ficou mais gorda, mais chata e o gajo - ao fim de não sei quantos anos de casado, chegou, em menos de uma hora, à conclusão que era infeliz. Procura no Tinder por uma senhora que esteja com vontade de ter a senaita devidamente fustigada e quebrar a monotonia que tem vivido nos mesmos tempos, com o emplastro do marido a minar-lhe o juízo e a sebar como um porco no sofá, agarrado ao comando da TV. Marcam um encontro e lá vão eles, felizes da vida, dar uma rapidinha em local combinado. A gaja está infectada. Ele não. (Ou vice versa, porque no final, dá no mesmo). Quando acaba, traz um vírus comprometedor no corpo. Que se encontra em expansão no seu organismo. Chega a casa, toma um duche rápido e deita-se e retoma a sua vidinha de casado conforme pode e a mulher deixa. 

Dias depois, começa a perder o olfacto, o paladar, tosse que nem um desalmado e anda febril. A mulher vai achando que se trata de uma simples gripe até que o SNS lhe telefona para casa e da linha de apoio lhe fazem o questionário do costume: "É casado/vive com alguém?", "Teve algum contacto de proximidade com alguém nos últimos dias?", "E a que distância e por quanto tempo?", perguntas suficientes para fazerem estremecer os alicerces de qualquer união.

Aqui, das duas uma: ou o gajo responde afirmativamente às perguntas e chiba-se todo ou mente com quantos dentes tem e "não sabe como apanhou aquilo". Dias depois a mulher (ou v.v.) que já não andava muito católica sem ajudas extra portas, começa a mostrar sintomas de ter contraído o "bicho". Acusa positivo. "Como se nunca saí de casa?" ou "Como, se tomo sempre todos os cuidados e mais alguns?". Pior se for "Já não estou com ninguém desde que esta merda começou e só aquela besta saiu há dias para fazer não sei o quê..."

Resultado: positivo nos três.
Teor de Drama:
Apocalipse bíblico e nuclear eminente porque o gajo acusa a amiga de não se lavar, e a mulher dele acusa-o de irresponsabilidade, cornice e outras adjectivações, mesmo aquelas em que lhe demonstram que ou a outra era uma puta, ou o gajo não é suficientemente fornecido e que aqueles anos todos foi um martírio ter de copular com ele. E que fingiu orgasmos. 

Moral da história: Em tempos de Covid, nem as actividades "paralelas nas esquinas do submundo" se safam. A menos que se trate de um Tibúrcio qualquer que "já nem sabe onde começa a coisa dele nem onde acaba" e que permita "escovilhar" alguma púncia a 2m de distância, toda a população mundial corre sérios riscos de se autoextinguir. Ainda falta um bocado para 3087 onde, muito provavelmente andará toda a gente de óculos escuros, porque apenas uma troca de olhares bastará para que o planeta fique mais povoado do que já está. Ou que haja bonecas (e bonecos) mecânica/os para deixar que a malta se deixe de merdas e em vez de andar por aí a largar bicheza por todo o lado, se cinja apenas a manter o numero da população mundial controlada bem como a saúde pública. Ou isso ou ter de aturar as gajas. Ou vice-versa.

(*) putaria

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