E eis que o grande dia do agendado reencontro, tinha chegado. Todos tinham finalizado os seus cursos e haviam combinado encontrarem-se no Covão da Ametade naquele dia de Verão, alguns anos depois.
A
Carla e o Osório, tinham-se mudado para o Cartaxo, viviam em "união de
facto" e tinham dois putos, reguilas como o raio. Ele tinha ganho algum
peso. Mas a Carla tinha perdido o que tinha a mais e ainda hoje ninguém
acreditava que ela tivesse sido uma compradora de tamanhos XXXXL. Mesmo
com dois putos saídos dali de dentro apresentava uma forma
física invejável, muito a fazer parecer a Vanessa dos seus tempos
áureos. Tinha virado adepta das sojas e dos tofus e a única
carne que comia era a do alentejano. Cada vez mais à bruta porque, com peso a menos, a moça tinha adquirido outras habilidades e
valências.
A
Micaela e o Alfredo tinham ficado na Covilhã. Eram agora professores na
UBI. Eram casados e tinham um casalito de miúdos. Eram a dupla de
professores mais acarinhada daquela universidade pois nunca se negavam a
manifestar o carinho que nutriam um pelo outro, fosse na frente de quem
fosse e em qualquer altura.
Já
a Marina e o Dominic tinham acabado o curso juntos, mas pouco tempo
depois separaram-se e cada um seguiu a sua vida. Ela, casou-se com um
rapaz de Aveiro que tinha cursado medicina no Porto. Ele, fixou-se em
Lisboa e está solteiro. A separação tinha deixado marcas muito dolorosas
e não se falavam desde então. Ainda não se sabia se algum deles viria
ao encontro. Para piorar as coisas, de vez em quando, cruzam-se na
cidade da ria, dada a proximidade daquelas localidades, o que provoca
desconforto em todas as partes.
O Chico mal acabou o curso, mudou-se de armas e bagagens para Praga, onde vive hoje com a Anishka. Manteve sempre o contacto com ela e não seria de estranhar que se juntassem alguma vez. Enquanto estudante ubiano, saía para o Porto ao fim de semana, sempre que podia, para ir matar saudades da amiga. Ela retribuía estes agrados mas desta vez em modo solitário. Têm quatro filhos: 1 rapaz e 3 meninas. Que nisto de brincar aos médicos, como se viu, o Chico nunca deixava os seus créditos por mãos alheias. De todos, talvez seja a maior surpresa porque aquele puto aparvalhado deu lugar a um homem feito com uma mentalidade muito mais cimentada e equilibrada do que alguma vez se poderia pensar.
- Ildefonso!
O Zé Remígio, mal se viu com o canudo na mão, "fugiu" para o Brasil, onde hoje é o CEO de uma empresa petrolífera. Defender-se da amálgama de sotaques nunca foi fácil para ele. Juntar àquele mix algarvio mais o covilhôco e agora o brasileiro, faz dele um sujeito difícil de compreender nas reuniões da empresa. Nunca casou. Que se saiba, ainda é "fiel" à Andreia.
A Andreia... A Andreia, deu-se mal com o tal namorado que tinha, quando lhe contou o que se estava a passar na Covilhã em torno do que aconteceu com o "Lupas". Numa atitude completamente irracional e infantil, ele interpretou aquilo como uma afronta e calçou-lhe um par de patins. De volta à Covilhã para acabar os estudos, um ano depois, começou a andar com um sujeito que já a conhecia e que tinha a alcunha de "Lupas". Pois. Para gáudio do algarvio e do resto do grupo, a "mulher da sua vida" tinha resolvido enfrentar aqueles abraços e já não passava os fins de semana em reclusão a passar os cadernos a limpo. Vivem os dois em S. Paulo. Não têm filhos.
- Fonso!!
A
Vanessa continua a ser o "avião" que se sabe. Está casada como
Ildefonso. Mudaram-se para Madrid, após se terem casado onde ele é
correspondente da RTP. Têm uma filha.
- ILDEFONSO!!!! ACORDA! Temos de ir apanhar a camioneta!!
Ildefonso, estremunhado, abriu os olhos. Encontrava-se aninhado num banco do
jardim, com a cabeça no colo da Vanessa. Estava a sentir-se um pouco vago. Tudo
ainda parecia bastante estranho, quando perguntou:
- Camioneta? Qual camioneta?
-
A que nos vai levar ao Covão. Ó Gajo... não acredito que tenhas
arroxado dessa forma! Está o resto da malta à nossa espera... Temos de
ir! Vá, levanta-te!... Raio de gajo!.. Vamos!! - Ralhava-lhe uma Vanessa que não "parecia a mesma".
- Vá'tão!
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