Aluno
525 - Engenharia Têxtil-Ramo Produção da IUBI-Vasco
Silva
Muitos
questionarão, até com desagrado, quem é este “cromo” que deu em despejar
textos, aqui nos Blogs e, se julga no direito de opinar, relativamente á
“nossa” Universidade, á “nossa UBI”.
Pois
bem, contrariamente a muitos dos meus estimados colegas, quando saí, ainda a
faltar a famigerada última cadeira, que só completei, graças ao cuidado do colega
e amigo Melo, não mais voltei atrás, aliás, apenas uma vez, voltei, estando a
elaborar um projecto de renovação Industrial, dirigi-me ao meu “mestre” de tecelagem,
na expectativa de auxiliar na selecção das máquinas, infelizmente, a sua
resposta coincidia com o meu primeiro excluído, pois, eram só, as mais caras,
as que mais atrasariam a amortização, as que tornariam as passagens mais
onerosas, para uma mesma produtividade, enfim as que trariam menor
competitividade aos produtos fabricados, pois bem, saí, para não mais voltar e,
cada vez que olhava para trás, mais desiludido ficava…
Não
com colegas, não com professores ou amigos, apenas, uma UBI que “carregávamos”
pelo País e pelo Mundo, e ao invés de se diversificar, de se expandir, ia, cada
vez mais, encapsulando, fechando em si própria, sem “olhar” ás expectativas dos
seu licenciados, ás necessidades das Industrias regionais, sem se preocupar em
“alimentar” em pessoas, em competências, em soluções, toda uma região que,
muito mais, que qualquer região do litoral, precisava, aspirava, por novas
soluções por tecnologias, por “ideias”, por ajuda, mesmo aquela ajuda pedida
mascarada de soberba, de “histórico orgulho”.
Ainda
não tinha terminado o último ano lectivo e já havia recebido propostas de
trabalho da TMG, em Famalicão e de Fareleiros, em Avelar. Após visitar ambas,
entre a TMG tecnologicamente referencial e a Fareleiros, tecnológica e
estruturalmente “arcaica”, a minha selecção recaiu, pasme-se, em Fareleiros,
onde via a possibilidade de, fazer a diferença e, assim foi, com “noites sem
dormir” para conseguir implementar as “novas” ideias, sem comprometer a
motivação de operários, muitos com mais tempo de trabalho que eu de idade.
Nesses momentos, não esqueço, o nosso colega Alexandre Matos (Xaninha) que me
acompanhou.
Pois
muito bem, a experiência profissional, começou pela organização dos armazéns de
matérias primas e, organização da produção, aí, concorremos ao dito projecto de
restruturação e mudámos as máquinas, então ainda de lançadeira (Lenz) por
máquinas de pinças (placencia). A partir daí, havia necessidade de
“rentabilizar” as máquinas, em termos produtivos e, tornou-se necessário gerir
o planeamento produtivo, depois tornou-se necessário procurar novos clientes e
encomendas e, começamos a visitar clientes nos tradicionais mercados de França,
Inglaterra e Alemanha. Em resposta a “novos” mercados e novos clientes,
tornou-se necessário criar uma unidade de desenvolvimento de produtos, seja em
construção seja, em combinações e cores, ou, ainda, criar procedimentos de
“confirmação de encomendas”. Relembro que, nessa altura, havia em toda a unidade,
1 computador AS400, dedicado á Contabilidade e, por necessidade o meu “Bondwell”
portátil, comprado por mim, por 500 contos (2500€) que ainda trabalhava em
MSDos.
As
coisas foram correndo, e, numa feira na Alemanha fui desafiado a mudar-me para
o Minho, para Braga, para “ A Fiandeira”.
“A
Fiandeira”, era, então, detida pelo grupo financeiro Francês, Chargeurs e, a
sua estrutura era, como uma unidade Multinacional. Para quem vinha de uma
Empresa familiar, com 2 computadores, 2 engenheiros e 1 debuxador (desenhador),
a entrada numa estrutura onde, tudo era informatizado, onde tudo era
controlado, onde tudo era “profissional” foi como a chegada a um novo Mundo.
Ainda
hoje, não encontrei nas, muitas empresas por onde passei, uma Empresa com a organização
e a gestão que “ A Fiandeira” possuía, e da qual, confesso, sou fã e adepto.
As
reuniões de Direcção eram confrontadas com mapas, não meros mapas motivacionais
mas, do tipo “ a Tecelagem possui X milhões de passagens diárias, porque é que
só foram efectuadas Y%”, etc…
Tudo
transparente, tudo profissional …
N”A
Fiandeira” corri Mundo, por vezes cruzando com o Luís Filipe Pereira, com
excepção de África e da Oceania, onde, na altura, ainda não se justificava a
“aposta comercial”. Em Portugal tínhamos apenas a “Maconde” como cliente.
Pois
bem, acreditando que pelo trabalho desenvolvido ter sido meritório, fui
desafiado a partir para a “Vilatêxtil”, referência dos tempos de estudante e
por onde, entre outros, tinha passado o nosso Ilustre colega António Aguilar, o
primeiro de entre os licenciados em Têxtil pela UBI.
Por
morte do fundador, a filha e o marido, registavam algumas dificuldades para
“alavancarem o barco” e lá fui eu.
A
partir daí, empresas com mais ou menos dificuldades, vieram têr comigo, para um
diagnóstico, para uma estratégia para uma solução e, enveredei, definitivamente
pela gestão, pela consultadoria, pela formação, umas vezes de produção, outras
comercial pois, não bastas vezes diagnósticos de ineficiência comercial denotam
reais problemas produtivos, de desenvolvimento de produto, de planeamento e,
vice versa.
Voltando
ao início, em todo esse percurso, nunca voltei á UBI, mesmo quando estive 4
anos ligado a uma Empresa de Teixoso, tudo fazia para “evitar” a UBI, a
Covilhã, fosse por mágoas antigas fosse por desilusões recentes.
Após
muita ponderação e, por insistência do Nuno Ramos e da Conceição Pereira, lá
acedi a registar-me, a participar nos Blogs. Todavia, para mim, participar é
ajudar, é, como se exige aos amigos, aos companheiros, dizer as verdades, por
mais duras e cruas que sejam, é ajudar a melhorar, é querer o melhor para os
vindouros
Na
Universidade, na Covilhã, aprendi muito, do que gostava e, particularmente, do
que odiava, mas no meu percurso profissional, sempre tive a “honra” de
representar a Engenharia Têxtil da UBI, da Covilhã, orgulhosamente.
Reconheço
um temperamento que, poderá não ser fácil mas, acredito, é justo e correcto e sempre
procurei, dignificar a Instituição.
Á
IUBI, UBI e Covilhã, acredito, também dei muito mas, isso são histórias para
outros, para os meus amigos, companheiros, colegas e até “inimigos”,
partilharem.
Obrigado
4 comentários:
Muito bem, como sempre uma excelente publicação.
Obrigado Gondri
Com Bloggers do teu calibre, temos de primar por alguma qualidade, nos nossos textos.
Abraço
Vasco
Foi muito bom, Vasco, ler-te ficar a saber de ti, da tua vida, do teu trabalho das tuas funções, do teu percurso. Abraço
Agradecido pelas suas palavras, todavia, por norma, o expresso, de modo anónimo, para mim, representa uma lacuna de coragem, um receio de que o que escrevem possa sêr associado a uma imagem, a uma pessoa e, por isso, agradecia que, de futuro, se inibisse de me endereçar comentários, sem que os mesmos estejam devidamente identificados.
Grato
Vasco Silva
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