sexta-feira, 1 de maio de 2020




                                                  Aluno 525 - Engenharia Têxtil-Ramo Produção da IUBI-Vasco Silva


Muitos questionarão, até com desagrado, quem é este “cromo” que deu em despejar textos, aqui nos Blogs e, se julga no direito de opinar, relativamente á “nossa” Universidade, á “nossa UBI”.

Pois bem, contrariamente a muitos dos meus estimados colegas, quando saí, ainda a faltar a famigerada última cadeira, que só completei, graças ao cuidado do colega e amigo Melo, não mais voltei atrás, aliás, apenas uma vez, voltei, estando a elaborar um projecto de renovação Industrial, dirigi-me ao meu “mestre” de tecelagem, na expectativa de auxiliar na selecção das máquinas, infelizmente, a sua resposta coincidia com o meu primeiro excluído, pois, eram só, as mais caras, as que mais atrasariam a amortização, as que tornariam as passagens mais onerosas, para uma mesma produtividade, enfim as que trariam menor competitividade aos produtos fabricados, pois bem, saí, para não mais voltar e, cada vez que olhava para trás, mais desiludido ficava…

Não com colegas, não com professores ou amigos, apenas, uma UBI que “carregávamos” pelo País e pelo Mundo, e ao invés de se diversificar, de se expandir, ia, cada vez mais, encapsulando, fechando em si própria, sem “olhar” ás expectativas dos seu licenciados, ás necessidades das Industrias regionais, sem se preocupar em “alimentar” em pessoas, em competências, em soluções, toda uma região que, muito mais, que qualquer região do litoral, precisava, aspirava, por novas soluções por tecnologias, por “ideias”, por ajuda, mesmo aquela ajuda pedida mascarada de soberba, de “histórico orgulho”.

Ainda não tinha terminado o último ano lectivo e já havia recebido propostas de trabalho da TMG, em Famalicão e de Fareleiros, em Avelar. Após visitar ambas, entre a TMG tecnologicamente referencial e a Fareleiros, tecnológica e estruturalmente “arcaica”, a minha selecção recaiu, pasme-se, em Fareleiros, onde via a possibilidade de, fazer a diferença e, assim foi, com “noites sem dormir” para conseguir implementar as “novas” ideias, sem comprometer a motivação de operários, muitos com mais tempo de trabalho que eu de idade. 
Nesses momentos, não esqueço, o nosso colega Alexandre Matos (Xaninha) que me acompanhou.

Pois muito bem, a experiência profissional, começou pela organização dos armazéns de matérias primas e, organização da produção, aí, concorremos ao dito projecto de restruturação e mudámos as máquinas, então ainda de lançadeira (Lenz) por máquinas de pinças (placencia). A partir daí, havia necessidade de “rentabilizar” as máquinas, em termos produtivos e, tornou-se necessário gerir o planeamento produtivo, depois tornou-se necessário procurar novos clientes e encomendas e, começamos a visitar clientes nos tradicionais mercados de França, Inglaterra e Alemanha. Em resposta a “novos” mercados e novos clientes, tornou-se necessário criar uma unidade de desenvolvimento de produtos, seja em construção seja, em combinações e cores, ou, ainda, criar procedimentos de “confirmação de encomendas”. Relembro que, nessa altura, havia em toda a unidade, 1 computador AS400, dedicado á Contabilidade e, por necessidade o meu “Bondwell” portátil, comprado por mim, por 500 contos (2500€) que ainda trabalhava em MSDos.
As coisas foram correndo, e, numa feira na Alemanha fui desafiado a mudar-me para o Minho, para Braga, para “ A Fiandeira”.

“A Fiandeira”, era, então, detida pelo grupo financeiro Francês, Chargeurs e, a sua estrutura era, como uma unidade Multinacional. Para quem vinha de uma Empresa familiar, com 2 computadores, 2 engenheiros e 1 debuxador (desenhador), a entrada numa estrutura onde, tudo era informatizado, onde tudo era controlado, onde tudo era “profissional” foi como a chegada a um novo Mundo.
Ainda hoje, não encontrei nas, muitas empresas por onde passei, uma Empresa com a organização e a gestão que “ A Fiandeira” possuía, e da qual, confesso, sou fã e adepto.
As reuniões de Direcção eram confrontadas com mapas, não meros mapas motivacionais mas, do tipo “ a Tecelagem possui X milhões de passagens diárias, porque é que só foram efectuadas Y%”, etc…
Tudo transparente, tudo profissional …
N”A Fiandeira” corri Mundo, por vezes cruzando com o Luís Filipe Pereira, com excepção de África e da Oceania, onde, na altura, ainda não se justificava a “aposta comercial”. Em Portugal tínhamos apenas a “Maconde” como cliente.

Pois bem, acreditando que pelo trabalho desenvolvido ter sido meritório, fui desafiado a partir para a “Vilatêxtil”, referência dos tempos de estudante e por onde, entre outros, tinha passado o nosso Ilustre colega António Aguilar, o primeiro de entre os licenciados em Têxtil pela UBI.
Por morte do fundador, a filha e o marido, registavam algumas dificuldades para “alavancarem o barco” e lá fui eu.

A partir daí, empresas com mais ou menos dificuldades, vieram têr comigo, para um diagnóstico, para uma estratégia para uma solução e, enveredei, definitivamente pela gestão, pela consultadoria, pela formação, umas vezes de produção, outras comercial pois, não bastas vezes diagnósticos de ineficiência comercial denotam reais problemas produtivos, de desenvolvimento de produto, de planeamento e, vice versa.

Voltando ao início, em todo esse percurso, nunca voltei á UBI, mesmo quando estive 4 anos ligado a uma Empresa de Teixoso, tudo fazia para “evitar” a UBI, a Covilhã, fosse por mágoas antigas fosse por desilusões recentes.

Após muita ponderação e, por insistência do Nuno Ramos e da Conceição Pereira, lá acedi a registar-me, a participar nos Blogs. Todavia, para mim, participar é ajudar, é, como se exige aos amigos, aos companheiros, dizer as verdades, por mais duras e cruas que sejam, é ajudar a melhorar, é querer o melhor para os vindouros

Na Universidade, na Covilhã, aprendi muito, do que gostava e, particularmente, do que odiava, mas no meu percurso profissional, sempre tive a “honra” de representar a Engenharia Têxtil da UBI, da Covilhã, orgulhosamente. 
Reconheço um temperamento que, poderá não ser fácil mas, acredito, é justo e correcto e sempre procurei, dignificar a Instituição.

Á IUBI, UBI e Covilhã, acredito, também dei muito mas, isso são histórias para outros, para os meus amigos, companheiros, colegas e até “inimigos”, partilharem.  
Obrigado    

4 comentários:

Gondri disse...

Muito bem, como sempre uma excelente publicação.

Vasco Silva disse...

Obrigado Gondri
Com Bloggers do teu calibre, temos de primar por alguma qualidade, nos nossos textos.
Abraço
Vasco

Unknown disse...

Foi muito bom, Vasco, ler-te ficar a saber de ti, da tua vida, do teu trabalho das tuas funções, do teu percurso. Abraço

Vasco Silva disse...

Agradecido pelas suas palavras, todavia, por norma, o expresso, de modo anónimo, para mim, representa uma lacuna de coragem, um receio de que o que escrevem possa sêr associado a uma imagem, a uma pessoa e, por isso, agradecia que, de futuro, se inibisse de me endereçar comentários, sem que os mesmos estejam devidamente identificados.
Grato
Vasco Silva