Detesto gente que se acha superior. Reparem, queridos leitores, ter dito "achar" e não ter apenas escrito a frase sem essa conjugação verbal. Reconheço excelência quando a vejo, não quando ma querem impingir. Nada mais me revolve os nervos que gentalha dessa espécie, de postura emproada e semblantes vascosos a darem-se a ares. O simples facto de se considerarem diferentes ou pertencentes a uma seita que não se mistura com os demais, transforma aquela grupeta em algo tão ridículo quão execrável é a sua razão de ser. Escondem as suas práticas intocáveis de uma forma tão estúpida quanto inconsequente. Normalmente deambulam em manada. Mais habitualmente socializam de forma contida, julgadora e sempre com o semblante vultoso de quem não se mistura com qualquer um. Para eles, os outros são menos que símios. Reles escarros da sociedade que os sustenta nas suas manias e os apascenta nas suas necessidades mais básicas. Trajam e adquirem tudo quanto é bom e rico e tratam-se por você.
A
raia miúda vê-se, normalmente, como cobaia no que toca à adopção dos
seus nomes próprios com a introdução dos que fogem ao vulgo. Adoptam
nomes já em desuso como forma de os tornar ainda mais diferenciados dos
demais mortais. Aquilo que para o comum habitante do planeta é tido como
normal, não servirá senão para preencher a árvore genealógica da
criadagem e demais ralé que lhes atura as manias. Num cenário onde todos
os nomes se esgotarão, imagino-os a serem baptizados de Manuel
Berbequim e Maria Gadanha, como forma de tornear a questão de se ser
diferente. Também é muito comum adoptarem a hifenização dos apelidos
paternos como forma de reforçar a raça e demonstrar diferença, status e
sobranceria.
São
useiros e vezeiros em bailes e outras manifestações pífias de poder
social. Comportam-se com ar distinto e introverso. Não se permitem fugir
ao instituído pelos ditames da casta em que se inserem senão quando em
grupos menores, da sua faixa etária. Os mais novos têm de ascender a um
nirvana especial no meio da sua juventude púbere em bailes de
debutância, que é uma espécie de feira de gado onde predomina o tule, os
tafetás e os cetins. Orbitam em torno dos seus progenitores muito ao
género dos bailes no Palácio de Versailles no tempo do Luís e da Maria,
antes desta perder a cabeça.
A corja masculina traja normalmente com motivos marítimos, sem no entanto, terem tido qualquer experiência marítima que não ao leme de um iate vistoso ou de um barquinho à vela qualquer. Normalmente, estudam nos melhores colégios, sem que isso signifique um aumento considerável nos seus QI's. Aliás, os temas de conversa, versam maioritariamente sobre temas banais, porém tido como excelsos. Temas que passam ao lado do normal dos mortais mas que para eles, são de suma importância na sua trajectória de ascensão social. Não dizem asneiras nem lêem nada com palavreado porco, que isso faz mal às vistinhas. São escabrosamente polidos. Não praticam desportos que promovam o contacto físico, pois isso pode provocar lesões e isso é coisa inferior. São autênticos betinhos e candidatos por natureza a altos cargos na banca, no sistema judicial ou na vida política e são sempre membros mais activos nas "jotas" de direita. Ou isso ou são acérrimos defensores do ideal monárquico. Lutam toda a vida com unhas e dentes contra o papão do socialismo que é aquela coisa que come crianças ao pequeno almoço. Vão todos os domingos à missa porque é bem. Não porque lhes faça falta. Nem sequer sabem para o que isso serve. Podia ser a missa ou dançarem um fandango em tanga, que, desde que tal prática fosse institucionalmente aceite, seria costumeira e comummente aceite.
Já o zoo feminino é outra coisa. São formadas para serem coisa nenhuma. Meros adereços da parte masculina e com graus de preocupações mínimos. Troféus para troca entre as diversas castas, de forma eugénica, educadas a rigor para a continuidade da raça durante longos períodos da história. Não se lhes é atribuído nenhum cargo importante que não o de estarem sempre predispostas à procriação e marcação de chás e outros eventos dedicados à cáfila predominante. Sempre que podem ou lhes é permitido, aventuram-se no exterior sob a forma de Madres Teresas, dispostas a ajudar os ímpios a fim de alcançarem um nirvana pessoal que apenas lhes preenche o currículo. Encabeçam movimentos solidários, sem, no entanto, arregaçarem as mangas para tocar seja no que for, que está sujo e é horrível. É vê-las, vezes sem conta, demonstrarem o seu desagrado e repulsa quando na presença de um indigente, sujeito que as faz fugir dali como quem foge da peste. Ao mais pequeno miasma de podridão os seus ADN's sofrerão mutações irreparáveis. Mais do que a ala masculina, a feminina faz uma triagem aprofundada ao LOP dos seus potenciais parceiros, quebrando algumas vezes o hermetismo nacionalista e cruzando-se com candidatos provenientes de outras casas, sempre europeias.Sobrevivem, ninguém sabe como nem porquê, e é estranho ainda não terem dado em maluquinhos à custa das misturadas que fazem dentro da espécie. Até um cão tem um registo de pedigree mais cuidado. Além de que, por ser cão, estabelece melhor comunicação com os seus donos.
4 comentários:
Estimádo António, já estava com saudades do privilégio da leitura do teu infindável manancial.
Nota - se que dizendo verdades, acordaste hoje mal disposto.
Parabéns.
LOL
Ehpá... esta "má disposição" é habitual ;)
Abraço.
Continuo a ser um ávido aluno das tuas lições de vocabulário. Mais um texto à campeão. Parabéns.
Noto que estás mais nervoso desde o teste anti-virus!Terá havido manipulação do resultado e será efeito do bicho??Ou isso ou esqueceste-te de pôr açúcar hoje no café!!😂😂Estás mesmo aborrecido com a aristocracia!
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