A 6 de outubro de 1987, na Faculdade de Economia do
Porto, soube que tinha entrado em Sociologia na Universidade da Beira Interior
que, para grande desespero dos meus Pais, ficava na Covilhã.
A menina que nunca tinha saído de Baltar – Paredes, sem os Pais, estava prestes a embarcar numa aventura fabulosa de conquista permanente e afirmação e não se deixou dissuadir.
A menina que nunca tinha saído de Baltar – Paredes, sem os Pais, estava prestes a embarcar numa aventura fabulosa de conquista permanente e afirmação e não se deixou dissuadir.
A viagem de autocarro demorava do Porto à Covilhã mais
de 5 horas e na altura o IP5 terminava em Oliveira de Frades. Uma vez tentei a
viagem de comboio, que implicou mudar de comboio na Guarda e no Entroncamento e
durou quase 10 horas.
Sem telemóveis, só havia cabines da Portugal Telecom e
muitas vezes estavam avariadas. Nessa altura escrevia aos familiares e amigos e
delirava quando recebia uma carta com notícias.
Sociologia era um curso novo e diferente entre as
engenharias, matemáticas, físicas e só a gestão se aproximava, sendo que
pertencia ao mesmo departamento. Apesar das diferenças entre cursos, havia uma
relação muito próxima entre alunos, que se cruzavam nos corredores, cantina e
no bar. Não havia faculdades ou departamentos a diferenciar, eramos todos da
UBI.
No final do 1º ano, com as cadeiras todas feitas
decidi não tentar a transferência para o Porto. Ainda hoje acho que a opção
pelo meu curso e pela UBI foi a mais acertada.
Lembro a receção ao caloiro, com as praxes na Parada e
a gloriosa latada, onde os 16 alunos do 1º curso de Sociologia decidiram levar
um contentor e cantar a bandeiras despregadas a canção “Contentores” dos XUTOS.
O baile de gala no velho e frio Sanatório, a lembrar um edifício de um filme de
terror.
As sessões de cinema tinham 2 intervalos, com um filme
a passar meses depois das estreias nas grandes cidades, íamos ver pelo filme ou
pelo convívio.
O Fora d’Horas com a cerveja a metro, as idas ao
Primor e ao bar da estação, os jantares em tasquinhas e as longas caminhadas a
pé de um ponto para outro. Eramos muitos, todos colegas, todos amigos, todos da
UBI.
Os espetáculos no Cine Teatro da Covilhã, nas receções
ao Caloiro e nas Semanas Académicas eram fabulosos.
A partir do 2º ano passei a ter carro e nos
fins-de-semana em que não vinha a casa, fomos conhecendo locais únicos,
Monsanto, Idanha-a-Velha, Monfortinho, Sortelha, Belmonte, Covão d'Ametade,
Sabugueiro, Unhais da Serra, entre os que mais me marcaram.
Os inquéritos aplicados em Unhais da Serra e
Sabugueiro no âmbito de trabalhos do curso permitiram conhecer o lado generoso
e puro dos seus habitantes, que nos recebiam de braços abertos e cheios de
histórias para contar.
Na Missa de bênção de pastas, os finalistas couberam
todos na Capela de S. Martinho e o Sr. Bispo teve tempo de assinar as minhas fitas.
No último ano (1991) foi apresentado o novo traje
académico da UBI, aprovado em Assembleia Geral de Alunos e que não tive o
prazer de usar.
Como tudo o que é bom, também estes anos passaram
muito depressa e durante muito tempo tive receio de regressar e quebrar o
brilho às memórias…
Quando
fizeram a entrega dos diplomas já estava a trabalhar.
Em
2018 regressei aos corredores onde costumava ter aulas, para matricular a minha
filha mais nova em Design Moda, também ela agora uma aluna da UBI.
Nesse
dia deixei uma caloira e trouxe o meu diploma. Dupla emoção.
Susana
Correia da Silva – nº 1859
Sociologia 1987-1991
1 comentário:
Olá Susana, muito bonito o teu texto, nota- se que o fizeste com paixão, prazer, e dir- te- ei, volta, não tenhas receio, mas se não for oportuno a Rota UBIana passará por aí.
Bjnh.
Enviar um comentário