quarta-feira, 29 de abril de 2020

CC- Crónica de uma alcunha anunciada...






O Jorge era o CC, na universidade toda a gente lhe chamava Cê Cê mas quase ninguém sabia de onde provinham essas duas iniciais. A maior parte pensaria que CC eram as iniciais do seu nome, e nem imaginava a carga hilária que estava por trás daquela designação. Com efeito, só um grupo restrito é que conhecia a história daquela alcunha que tinha a sua origem numa das cenas mais memoráveis desses saudosos tempos de loucura. Então foi assim: 
Bem, isto é complicado porque leva bola vermelha, vamos ter que arranjar aqui uma maneira de contornar a censura da moral e dos bons costumes. Vamolá então:

pente*** - cabelo púbico
colh**     - testículo

Um dia alguém se lembrou de gravar uma cassete (vejam lá há quantos anos isto foi…) com uma música tribal, tipo tambores e indígenas a cantar e a dançar em círculo. Juntou-se um grupo numeroso num quarto da residência, o Jorge levou um grande gravador de cassetes, e a ideia era gravar uma música para depois ir desbundar para o refeitório quando aquilo estivesse cheio de malta. 
A letra da música de ritmo tribal era:

arranca o pente*** 
batch cu batch colh**

enfia no buraco
batch cu batch colh**

e nasce um fedelho
batch cu batch colh**

Ora, a ideia era a seguinte: 
o que tivesse o maior vozeirão cantava a solo uma estrofe, e depois, todos em conjunto, repetiam. Isto estrofe a estrofe.
Depois ficou combinado que a parte final seria assim: todos em conjunto cantariam “batch cu, batch cu, batch cu….”, aumentando sempre o volume de um “batch cu” para o seguinte, até que, depois de uma brevíssima pausa lá em cima, todos em uníssono rematariam com um sonoro e apoteótico “colh**!!!!”.
E lá começámos a ensaiar. Só que aquilo estava difícil porque não havia meio de o “colh**!!!” final sair perfeito, ou seja, com todos em uníssono, e fulgurante.
Finalmente os ensaios começaram a dar frutos e a coisa estava afinada. 
Decidimos gravar. O Jorge ficou com a tarefa de operar o gravador, ele que era o dono do aparelho. Carregou no botão para gravar e a cantoria começou. Ficámos todos com a convicção de que estava a correr tudo às mil maravilhas, e o final, então, esse foi perfeito. Espetacular!
Entusiasmados, mal acabou a atuação juntámo-nos todos a ouvir a gravação para confirmar que a nossa opinião estava certa. E de facto aquilo estava um must. Só que, quando chegou ao melhor, apanhámos a maior deceção do dia: o “colh** final estava cortado. Nisto o Jorge desatou à gargalhada, todo orgulhoso por nos ter tramado a obra prima e achando talvez que ia ganhar o óscar para o melhor desmancha prazeres e gozão. Mas não, o que ele ganhou foi a alcunha do CC, Corta **lhões. 
(Como se pode ver, desvendar a proveniência do “CC” sem conhecer a história era missão absolutamente impossível…).

Gondri

Sem comentários: