Para definir uma rota há que começar pelo inicio.
Estávamos no verão de 1983, fazia um calor terrível e depois dos exames do 12º não havia muito que fazer até ir para a praia. Normalmente no Cartaxo fazíamos a ronda das festas das aldeias do concelho á noite onde se podia estar até ás tantas da madrugada com amigos, ouvir musica, dançar e com sorte poder estar com alguma menina de Lisboa que vinha com os pais que eram dali.
Estávamos varios amigos a comer um petisco e a ouvir musica quando se nos juntou o Luis Filipe (Pereira) que chegava de terminar os exames da universidade. Depois de alguma conversa comentei-lhe que estava num impasse pois depois dos exames do 12º nem a média me permitia grandes perspectivas nem me entusiasmava voltar a Lisboa, pois tinha estudado ali o 10º e o 11º a jogar basquete e tinha-me sentido muito sem contacto com os amigos e somente dedicado a praticar desporto.
O Luis comentou-me que onde estudava (na Covilhã) o ambiente era muito bom e podia optar por preparatórios de engenharia ou terminar Textil, Gestão ou ensino de matemática. Fiquei entusiasmado e apesar de não ter nenhum interesse especial por nenhuma das possibilidades pareceu-me que ele via muito boas perspetivas na industria textil (somente depois ao chegar lá vi a a possibilidade de seguir para industria de Papel).
Propôs-me visitar a Covilhã e poder avaliar a possibilidade de estudar ali antes de fazer a minha candidatura á universidade. Cheguei a casa depois das 4 da manhã e entrei no quarto dos meus pais para lhes dizer que via esta possibilidade positivamente ao que o meu pai me respondeu que era tarde, já tinha bebido e depois falaríamos sobre isso.
Acabei por viajar com ele á Covilhã no final de Julho no comboio da noite e chegámos fazia um sol radioso. Ao subir desde a estação á cidade e ao visitar a Universidade (naquele tempo Instituto) fiquei com o sentimento que podia ser ali o seguinte passo da minha vida.
Depois de me candidatar para a Covilhã como 1ª opção em Engenharia Textil + Papel, fui confirmar a minha entrada a Santarém onde encontrei o Pedro Justino (Pópó) desesperado pois também tinha entrado para lá e não tinha ideia para onde ia.
Eu respondi-lhe: "Não te preocupes que eu também vou, já lá estive e vamos divertir-nos"
Eduardo Brandão nº767 de 1983 a 1989
4 comentários:
Boa Eduardo!!
Gostei da tua história e também da tua iniciativa!
És o primeiro a publicar!
Bjs e continua!
Fantástico, belas memórias!
És o primeiro, estreia absoluta!
Obrigado e parabéns.
SU
Nuno Ramos
Também eu, como o Brandão, fui vítima do Luis Filipe Pereira, enquanto promotor, no Cartaxo, das valências do Instituto futura Universidade da Beira Interior e, nesse ainda Instituto, me matriculei, com o número 525. Não esqueço a camaradagem e solidariedade daqueles primeiros tempos, onde quem de fora partilhava a saudosa residência Universitária, sistematicamente se reunia e convivia, Fernandinho, Cardoso, Avelar, Pedroso, Moura, Teixeira, Cuco (Rocha) e tantos outros, cujos nomes esqueço mas companhia recordo.
Faz pouco tempo, numa esporádica e rápida deslocação á Beira Interior, não me coíbi de visitar o saudoso “Café Primor”, agora com nova gerência, decoração e, claro, como grande parte da Covilhã, sem memória, das tardes e noites, onde, em convívio e conversa, se esboçaram as primeiras acções de expressão académica, inspirados pelas “visitas” académicas a Coimbra, iniciadas pelos rituais das recepções aos caloiros, com raides noturnos de praxes e o incentivar do sentido de grupo por desfiles e latadas, sem esquecer a 1ª garraiada que, como seria expectável, alguns levou a visitar o Hospital.
Não esqueço, esses colegas, nem alguns funcionários dos quais relevo o Melo ou mesmo, alguns professores, encabeçados, por mérito e respeito, pelo então responsável de Departamento Dr. Fiadeiro, na altura o “mais exigente” mas, agora, tempo passado, eventualmente, o mais completo e quiçá competente e culminados, como não deixaria de ser, pelo “histórico” professor de Física, cujo “nickname” me abstenho de referir.
Foram alguns anos de alegrias, polvilhados aqui ou ali de dissabores e injustiças mas, no final, todos quantos por lá passámos, sentimos o agradecimento e a saudade de momentos de convívio, amizade e sã camaradagem .
Obrigado UBI
Vasco Silva
Aluno 525 . Engª Têxtil UBI
Muito bem.
Adorei ouvir a tua história.
Vou me inspirar para partilhar a minha.
A Covilhã ficou sempre no meu coração.
Beijos e tudo de bom para todos. 👏
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